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Foto do escritorThiago Lugão

A gestão de Riscos é feita sob medida


Sejam bem vindos a mais um tópico de uma série de mais de 30 artigos que irão abordar uma área muito importante da disciplina de gestão de projetos: Gestão de Riscos.


Hoje iremos abordar mais um princípio que a norma ABNT ISO/TR 31004 elenca como fundamental numa estrutura de gestão de riscos: A gestão de riscos é feita sob medida.


Esta afirmação acima, apesar de simples, envolve muita informação alicerçando.


A gestão de riscos para ser sob medida, ele deve ser customizada. O termo que o PMBOK 6ª edição utiliza é tailoring. Tailor é o alfaiate, que elabora uma vestimenta sob medida para seu cliente.


No âmbito da gestão de projetos, a gestão de riscos deve estar alinhada ao contexto interno, externo e com o perfil do risco. Também deve estar em sintonia com a apetite e tolerância ao risco da organização. E por último, mas não menos importante, deve servir para a tomada de decisão. Vamos abordar cada termo a seguir, para poder entender o conceito.


Apetite por risco é o grau de exposição aos riscos que a organização está disposta a aceitar para atingir seus objetivos estratégicos e criar valor para seus acionistas. Já tolerância ao risco é a capacidade máxima de risco que uma instituição pode assumir sem infringir nenhuma restrição, seja regulatória, de liquidez ou de suas obrigações com os seus stakeholders. Estes termos devem estar em equilíbrio, pois seu descasamento pode deixar a organização fora dos limites de tolerância que ela suporta.


Contexto interno pode incluir sua abordagem para governança, suas relações contratuais com clientes, e suas partes interessadas. Já o contexto externo tem a ver com regulamentações governamentais e mudanças na lei, mudanças econômicas no mercado, etc.


Diante deste conceito exposto, irei dar um exemplo bem simples para melhor entendermos: João quer comprar uma casa e possui 3 filhos. Ele decide investir em ações para obter um rendimento mais rápido do que deixar na poupança. Seu apetite por riscos é alto. Seu amigo Thiago informou que existe o mercado de opções, que possui uma volatilidade maior, porém ganhos ainda maiores. Porém, João possui 3 filhos, mora de aluguel e fez um juramento para sua mulher que nunca iria expor as finanças da família a um risco onde pudessem perder mais de 80% do capital investido, caso o mercado estivesse em baixa. Ou seja, João tem uma tolerância média, pois não pode quebrar este juramento nem colocar o futuro da família em jogo, por mais que o cenário mundial esteja em alta.

Depois deste exemplo lúdico fica fácil exportar este conceito para o ambiente de uma organização ou projeto. Um organização, baseada no seu contexto interno (governança, força e fraquezas) irá observar o contexto externo (oportunidades e ameaças) e verificar se vale a pena iniciar um projeto (joint-venture), onde o potencial de ganho é alto, mas se houver perda, pode deixar seus acionistas sem distribuição de dividendos, pois o potencial de perda também é alto.


Em um contexto de projeto, o gerente de projetos irá adequar todos seus parâmetros de gestão de riscos de acordo com estas variáveis: contexto interno, externo, tolerância e apetite.


A estrutura de gestão de riscos será toda estruturada de acordo com estas variáveis, para quando estiver diante dos eventos de riscos que podem ocorrer, saberá agir na devida proporção que o risco requer. Um projeto de construção civil realizado por uma empresa nos EUA que tem como princípio valorizar a vida, terá uma atitude totalmente diferente de uma empresa que só visa o lucro e que gerencia um projeto similar na República do congo, quando expostas a um risco de segurança do trabalho. Ficou fácil perceber, correto?


Este assunto permite desdobramento sem limites, pois podemos abordá-lo sob a óptica organizacional, de programa, portfólio e de projeto. Porém, como o tempo é escasso e o objetivo não é esgotar o assunto, gostaria de ouvir um pouco os leitores deste artigo sobre estes conceitos aqui abordados. Não deixem de comentar sobre algum projeto no qual trabalharam e perceberam que os riscos acabaram engolindo o projeto, ou algum projeto no qual a empresa não tinha estrutura para assumir tão desafio, etc. O que nos faz crescer é a discussão, independente de termos as respostas para o assunto.


Finalmente, gostaria de deixar o link dos cursos voltados para a área de gestão de projetos para os quais ministro aula.


Fiquem na paz!

Lugão Consultoria

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